segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Racismo: Um monstro em pleno século XXI



A noite cai e me vejo caminhando por essa vizinhança novamente. As mesmas casas, as mesmas pessoas, a mesma iluminação, a mesma sensação de desprezo que sinto toda vez que percorro este caminho.

Apesar disso, ninguém me incomoda, o tempo continua, as estrelas e a lua continuam brilhando fortemente no céu e, nesse momento, imagino quão melhor esta noite poderia se tornar. Seu silêncio é meu refúgio e minha paz.

         De repente há uma quebra na calmaria da noite com um barulho estridente do que me parecem ser motos e delas, no meio da escuridão, surgem três jovens iluminados apenas pelas estrelas e pela lua. Imediatamente engulo em seco e sinto um calafrio, ao mesmo tempo em que caminham em minha direção.

Antes que eu possa fazer algo já estou no chão. Atacado pelos três que se autodenominam “justiceiros”. Sangue quente escorre pelo meu rosto quando um deles arranca um pedaço da minha orelha, enquanto os outros tratam de me despir e me prender a um poste. Mas o que fiz? Por que estão chamando isso de justiça?

Logo vão embora. Comemoram o feito como se eu fosse um monstro, como se o que tivessem feito fosse um ato de justiça. Enquanto espero despido e preso a um poste, vejo meus agressores afastando-se e desaparecendo na escuridão e, junto a eles, minha dignidade como ser humano esvai-se.





Quem leu a história acima logo percebe o que, possivelmente, estou narrando e na perspectiva de quem o faço. Sim, refiro-me ao caso do menino de quinze anos que foi brutalmente atacado na última semana e que dividiu opiniões em nosso país.

Muitos discordaram da atitude dos “justiceiros" e os condenaram pela atrocidade que teriam feito, outros os defenderam e disseram que em frente a um Estado omisso e uma polícia ineficiente nada mais justo do que se defender, como a jornalista Rachel Sheherazade.



Afinal, por que o suposto ato ocorreu? Bem, segundo a grande parte das informações disponíveis o grupo de “justiceiros” teria identificado o jovem como um dos ladrões que assolam a região e que no último ano teve um aumento significativo na criminalidade. Resolveram, então, praticar justiça com as próprias mãos.

Aqui entra minha dúvida. Até onde este crime foi racista? Partindo do pressuposto que o jovem realmente era um assaltante e que os “justiceiros” o reconheceram, onde se encaixa o racismo aqui? Concordo veemente que o que eles fizeram foi errado. Como já dizia Gandhi: “Olho por olho e o mundo acabará cego”.

Mas, assim como muitas pessoas, compreendo o lado dos agressores, isso, logicamente, partindo do pressuposto que o jovem realmente era um assaltante que assolava a região. Antes que comecem as crucificações eu gostaria de lançar a mesma pergunta que a Rachel lançou como campanha. Dos que defendem o jovem agredido, algum de vocês já adotou ou colocou pra dentro de casa alguém na situação dele?

Pois bem, minha vó já fez isso há muitos anos. O que aconteceu? O menino cresceu com a minha família por quinze anos e aos dezessete anos nos assaltou quatro vezes e, da mesma forma que ainda acontece atualmente, a polícia militar dizia que não podia fazer nada.

No final das contas foi minha família que o prendeu, com a ajuda de muita coragem, senso de proteção e um rodo de banheiro quebrado na cabeça do indivíduo. Imagino que se fosse nos dias atuais o caso seria reportado pela mídia acusando minha família de violência contra um negro e nem se importaria de relatar o resto, visto que atualmente tudo que ocorre com relação aos negros, homossexuais, mulheres ou qualquer grupo social é considerado racismo ou preconceito.

Observem que durante o texto inteiro eu não o chamei de jovem ou menino negro. Não fiz isso porque não vejo aqui um crime de racismo, observo realmente uma sociedade cansada do aumento da violência gratuita em seu país. Lembrando que temos “apenas” onze das trinta cidades mais violentas do mundo, como podem ver neste site.

Por fim, entendo os dois lados da moeda e, partindo do pressuposto que o jovem realmente fosse um criminoso, não considero o crime como racista, mas um crime e, como qualquer crime, punível pela lei. Por outro lado, se o mesmo jovem não for o que os “justiceiros” alegaram que fosse aí sim o racismo entra em cena e, talvez, a minha pequena história do começo do texto tivesse sido uma das verdades naquela noite.

Se ainda há racismo é porque nós não o deixamos morrer e sempre que há uma oportunidade logo taxamos a situação como racista. Esquecem-se que, antes de tudo, somos humanos e creem que ao taxar a situação como racista são os primeiros a lutarem contra o mesmo. Pelo contrário, são os primeiros a admitirem que ainda existem diferenças entre nós.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Vai deixar saudades / Foi bom te conhecer. Parte 1.

E ae! O título desse post já é bem auto explicativo jovens, minha intenção é falar sobre 4 séries, 2 que vão deixar saudades e 2 que foi bom conhecer. Comecei com Breaking Bad, mas o post ficou muito grande então vai ficar dividido por partes, qualquer outro detalhe ou algo que deixei passar comentem, sua opinião é muito importante para nós, ou não.

Breaking Bad


Essa com certeza vai deixar um buraco no coração de quem acompanhava. Breaking Bad é o tipo de série que faz elevar seus padrões para assistir algo.Com certeza na época que a história estava acabando você devia está curioso ou com raiva de todo o hype gerado. Mas afinal do que se  trata essa série? Vamos acompanhar uma pequena aula de química para entender melhor. 
"Química é ......tecnicamente química é o estudo da matéria porém eu prefiro ver como o estudo das transformações...pense sobre isso...os elétrons mudam seus níveis de energia, moléculas mudam suas ligações, os elementos se combinam e se transformam em compostos...isso é a vida. É uma constante ... um ciclo.É solução, dissolução, infinitamente.É crescimento, declínio e transformação.É fascinante."

O senhor Walter White, em apenas alguns poucos minutos conseguiu explicar sobre o que se trata toda série, transformação. Todos os personagens envolvidos mudam, lembrando que mudar ou evoluir nesse contexto, não significa melhorar, desde a primeira temporada até a última vemos uma evolução constante de tudo e todos, um mérito para o criador da série Vince gilligan(Filhote de Arquivo X), que conseguiu manter os padrões da série em todas a temporadas.

Outro detalhe é que Breaking Bad vai além, não é apenas uma história boa, pela primeira vez acompanhei um seriado com elementos cinematográficos, uma preocupação artística que vai desde rimas visuais, detalhes como o exemplo do vídeo acima(só para quem viu toda série se da conta o quanto essa aula explica todo o seriado), as questão das cores que todos os personagens usam(cada cor representa um estado de espírito de cada personagem,ou você acha que foi atoa em apenas um episódio de toda a série Mike Ehrmantraut usar branco), a trilha sonora impecável, frases de efeito(I am the one who knocks!) e o não menos importante, o que todo seriado de respeito deve ter no mínimo, uma abertura foda!

Uma das minhas cenas prediletas, é a que se passa no começo do episódio 3 da primeira temporada. 
A narrativa e a construção dessa cena na minha opinião foi algo impecável, foi uma das coisas que me conquistou. Ela possui duas linhas temporais que vão se alternando no decorrer dos diálogos, uma é no presente onde mostra Jesse e Walter limpando os restos de um corpo humano, a outra é um flashback, o qual vemos Walter e sua ex-namorada nos tempos de graduação, os dois debatem sobre a composição do corpo humano. Durante a conversa, cada elemento químico do nosso corpo é retratado em contrapartida no presente, particularidades que só engrandecem a cena.


                                                 Ao fim de tudo chegamos ao resultado: 

E os 0,111958% que estão faltando? Essa parte me lembrou bastante full metal alchemist, será que algo foi esquecido? Será que nós somos além desta matéria que nos prende? Será que nossa  alma ou essência da vida ou qualquer outra coisa que você acredita está faltando? Questionamentos feitos por Walter, que acabam criando um contraste do especial e o mundano, o ponto principal de toda a cena.
                               (É isso mesmo que vocês estão pensando que é)
E como nosso próprio protagonista encerra, prefiro não ir além, "Não existe nada além do que química aqui".
Não falei tudo que eu queria falar, Breaking Bad é o tipo de série que merece um debate, quem sabe futuramente eu faça um vídeo sobre, por essas e outras vai deixar saudades. E se você ainda não assistiu, não perca tempo, é uma história que vale a pena. 


                       


sábado, 1 de fevereiro de 2014

Meu Papel no Mundo - Conhecimento o Universo e Tudo Mais



O ser humano é dotado da capacidade de conhecer, é uma necessidade natural. Como eu vejo, absorvo, interpreto o mundo e ajo diante do que os meu sentidos captariam, é o que define como eu me ponho no mundo e o mundo se põe sobre min. 
O homem com suas capacidades pode: fazer conhecimento, usar conhecimento, posicionar-se diante do conhecimento.
Para fazer o conhecimento os homens começam pelas sensações, que obtemos através dos nossos sentidos, principalmente audição e visão, um conjunto de sensações forma uma memória e, as memórias agregadas formam a experiências, até ai temos vários animais que também são capazes de adquirir experiências, porém o ser humano é capaz de ir além do que é visto no momento o homem pode posicionar-se diante do conhecimento e, criar algo ainda mais complexo como: a ciência e a arte.
A ciência é a maneira metódica de se ver o mundo, tentando interpretar e testa as hipóteses através de experimentos, preocupando-se em encontrar um lugar cada vez mais próximo da verdade.
A arte por outro lado é quando nossas interpretações do mundo ganham um pouco de nossa personalidade, nossos sentimentos, estímulos, experiências, sensações, e colocamos o mundo interpretado de várias formas, muitas vezes a realidade é abandonada.
Para grande parte da construção da ciência e principalmente da arte, nós dispomos do pensamento crítico. Posicionar-se diante do conhecimento é ter uma visão críticas das coisas, porém ver o mundo criticamente não é ter ideias contrárias as que são expostas mas sim, ver além daquilo que está sendo dito, ver o que não é exposto, ter uma visão racional, não se apegar as impressões primeiras, diminuindo assim, as chances de cair em ideologias, aproximando-se cada vez mais de uma obra de pensamento, ou ideia esclarecedora e coerente, sendo capazes de seguir novos caminhos, justamente porque pudemos perceber muito mais do que o que parecia à primeira vista. 
Conhecer e pensar coloca o universo ao nosso alcance e lhe dão sentido, finalidade e razão de ser. O universo existe porque o conhecemos ou nos conhecemos porque existe universo?. Conhece de forma verdadeira quem alcança a razão, sabendo os porquês das coisas, e não só o que são as coisas simplesmente. Não aceitando as coisas como elas parecem ser mas sim, tentando enxerga aquilo que os olhos não podem ver, ou o que não pode ser visto usando-se aquele ponto de vista, você tem que mudar, ajustando para vários focos de análise, até que se exponha tudo.
Vocês já devem ter ouvido falar da gaiola de Faraday, não é verdade? A gaiola foi fruto da mente de Michael Faraday. Ele nasceu em 1791 na Inglaterra, sendo considerado um dos cientistas mais influentes de todos os tempos. Suas contribuições mais importantes e seus trabalhos mais conhecidos foram nos intimamente conectados fenômenos da eletricidade, eletroquímica e do magnetismo, e diversas outras contribuições muito importantes na física e na química.
 Faraday criou o mundo onde repousamos tão felizes hoje, estudando o magnetismo aliado a eletricidade ele inventou o primeiro motor. Se você está sentando ai agora lendo no computador, saiba que é graças a esse cara. Ele entendeu como ninguem antes, como funcionavam as forças invisíveis do magnetismo. Faraday se viu deslumbrado quando passou por sua cabeça ideia de que todo o planeta terra era magnetizado, descobrindo assim os polos magnéticos. 
Vê-se então, o quão importante é ter um visão crítica do mundo. E se Faraday aceitasse o mundo assim como ele parecia ser? 
A crítica portanto não é , um conjunto de conteúdos verdadeiros, mas uma forma de trabalhar. A forma de um trabalho intelectual, que é o trabalho filosófico por excelência. Dai vem o medo da crítica, pois se a crítica não traz conteúdos prévios, mas é a descoberta de conteúdos escondidos, então ela é muito poderosa e perigosa. Faraday e muitos outros nos mostraram esse poder, olhe a sua volta, o ventilador, o computador, o carro, a televisão, a energia que você tem em casa, satélites artificiais e até mesmo naves espaciais, superar os limites do planeta, trilhando o caminho para "o infinito e além!", tudo foi inicialmente graças ao pensamento crítico de vários homens e mulheres. 

Os místicos tentavam entender o mundo através das intuições, os filósofos usavam o pensamento lógico dedutivo para ultrapassar a experiência vulgar e, por ultimo os cientistas que dividiram o mundo em vários segmentos para entender como cada coisa funciona.
 Segundo RUIZ (2011, p. 90)“A história humana é a história de lutas pelo conhecimento da natureza, para dominá-la, para interpretá-la e cada geração foi recebendo um mundo interpretado pelas gerações passadas”.
 Assim se deu a evolução do conhecimento, uma compilação de todas as mentes que já passaram pela terra, iluminando as partes escuras do espaço e tempo com conhecimento, nos tirando das trevas e nos levando a luz. O universo se mostrou complexo o suficiente para criar um modelo de energia, que pode compreender a própria energia. 



Chegamos a um nível incrível de conhecimento, onde compreendemos parte da complexidade do cosmos, conseguimos assimilar a noção de conexão entre as várias ciências, e tudo mais. Nós somos um jeito do universo se conhecer. Esse é o nosso 42, a resposta do universo e tudo mais é conhecer, somos meros observadores ao contrário de grande parte inanimada do cosmos, nos somos vivos e pensantes, somos a consciência do universo.

- Se a minha cabeça faz conhecimento, eu existo criativamente no mundo.
- Se a minha cabeça usa conhecimento, eu existo simplesmente no mundo.
- Se a minha cabeça posiciona-se diante do conhecimento, eu existo criticamente no mundo.

Como você quer existir no mundo?  O ET Bilu pode ser uma farsa, mas ele tem razão no seu recado.
Busquem conhecimento!